Tuesday, February 19, 2013

INAUGURAÇÃO DO AUTÓDROMO DE FORTALEZA

 

Se o automobilismo do sul e do sudeste do Brasil sofria com a falta de autódromos e locais adequados para realizar corridas, o que dizer do Nordeste dos anos 60? De fato, os nordestinos gostavam de corridas, e por lá foram realizadas muitas, em diversas cidades como Fortaleza, Recife, Salvador, Maceió e Natal. Mas os automobilistas sentiam falta, e mereciam, um autódromo, que foi finalmente inaugurado no início de 1969.

Obviamente, a intenção era abrigar o automobilismo local e regional, mas também de inserir Fortaleza no calendário nacional. Isto, infelizmente, ocorreu com pouca freqüência durante os quase quarenta anos de existência do autódromo. Uma prova do Torneio BUA de Fórmula Ford, uma corrida de Divisão 3, em 1974, uma prova da StockCars em 1979 e recentemente, as corridas de Fórmula 3. Mas os nordestinos têm aproveitado aquele que, até a inauguração do autódromo de Caruaru, era o único autódromo da região.

Como não podia deixar de ser, a corrida de inauguração homenagearia um político, de preferência um militar. E assim foi. O Coronel Mario Andreazza, então Ministro, foi o homenageado da prova, que contou com dezesseis carros pilotados por pilotos da região, incluindo cearenses, pernambucanos e baianos, com a notável exceção dos paulistas Luis Fernando Terra Smith, vencedor das Mil Milhas de 1967, e outro Luis, Filinto, com Renault 1093.

Entre os carros inscritos, estava o Puma número 17 da Equipe AF, cuja estréia nos 500 km da Bahia causara muito furor. O bólido seria dirigido pelo baiano Lulu Geladeira. O paulista Terra Smith conduziria um Willys Interlagos com preparo da Torque. Dois protótipos CBA estavam inscritos. Um deles, nas mãos do cearense Antonio Cirino, e o outro, pilotado por César Figueiredo, considerado o melhor protótipo do Ceará, mas feio de dar dó. Diversos VW bem preparados, inclusive os de André Burity, Ramon Cortiso e Samuel Cohen, o Karmann Ghia de Neném Pimentel, três DKWs, dois Simcas e um Gordini fechavam o grid.

O Puma já mostrara ser um forte concorrente para vitórias no Nordeste, e só uma canetada lhe tirou a vitória na classe protótipos dos 500 km. Assim, o baiano Geladeira conduziu a prova com uma certa tranqüilidade, para desespero dos cearenses que preferiam ter visto um dos seus ganhar a prova. No fim das contas, o público acabou torcendo para o paulista Terra Smith, com o Interlagos, que marcou a volta mais rápida da corrida, e recorde da pista, com 1m26s. César Figueiredo e seu protótipo “ET” abandonaram, o mesmo acontecendo com Neném Pimentel, que geralmente dava trabalho nas corridas, e Samuel Cohen teve o parabrisa quebrado, que o obrigou a parar nos boxes, impedindo-o de lutar pela vitória.

Inauguração do Autódromo Virgílio Távora
1. Lulu Geladeira, Puma VW 1600, 65 voltas, 1h40m2s, média de 97,5 km/h
2. Ramon Cortiso/Samuel Cohen, VW 1600
3. Antoinio Cirino, Protótipo VW CBA

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